Indústria farmacêutica: cenário atual, desafios e boas práticas para o futuro
A pandemia acelerou o crescimento da indústria farmacêutica brasileira, mas, ao mesmo tempo, expôs todos os gargalos do setor farmacêutico, que enfrentou, em 2020, o maior nível de exigência já visto.
Agora, com o fim da “Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional da Covid-19 no Brasil”, decretado pelo Ministério da Saúde, a indústria farmacêutica estuda como atuar de maneira mais estratégica, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) não ter declarado o fim da pandemia.
Neste artigo, vamos abordar o cenário atual do mercado, além dos desafios e boas práticas para uma indústria farmacêutica mais eficiente e inteligente.
O cenário atual da indústria farmacêutica
Os cálculos da IQVIA - líder global em pesquisas do setor - indicaram um crescimento de 12,5% da indústria farmacêutica brasileira para 2022. Já para 2023, o crescimento esperado é de 10,5%.
Ainda de acordo com a IQVIA, as compras públicas estão em queda devido ao subfinanciamento do SUS, mas as vendas para clínicas e hospitais privados podem aumentar 15% em 2023, enquanto as vendas no varejo devem crescer 9,8%.
A maturidade digital e a aplicação da tecnologia
Outra pesquisa, feita pela Sindusfarma, divulgada em outubro de 2022, aborda o nível de maturidade do setor em relação à transformação digital.
Os números revelam que 37% da indústria farmacêutica ainda não iniciou nenhum processo de transformação digital, sendo que 39% se considera em fase inicial, 20% em fase intermediária e apenas 5% em um nível avançado.
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Porém, um levantamento da maior entidade representativa do setor no país mostra que 43% da indústria farmacêutica está otimista com a incorporação de novas tecnologias, que serão essenciais para o crescimento do mercado.
Os maiores desafios enfrentados pelo setor
Para crescer 10,5% em 2023, a indústria farmacêutica precisará superar alguns desafios. Confira os principais:
Estoques lotados
Muitas vezes, as farmácias “aproveitam” promoções e enchem seus estoques sem necessidade. Na ilusão de estarem comprando com desconto, lotam seus depósitos e acabam tendo prejuízos financeiros pela sobra de medicamentos, que não têm demanda, como também pela falta de outros produtos procurados pelos clientes.
Desperdício de medicamentos
Os estoques elevados fazem com que alguns medicamentos não cheguem rapidamente às gôndolas das farmácias e, quando chegam, apresentam um prazo de validade reduzido, não sendo adquiridos pelos consumidores e, dessa forma, descartados, aumentando os índices de desperdício.
Distribuição ineficiente
O número de distribuidores maior do que o necessário diminui a eficiência da distribuição de medicamentos e aumenta o custo do serviço, elevando ainda mais os níveis dos estoques dos próprios distribuidores e das farmácias.
Baixa previsibilidade
Algumas pequenas oscilações de demanda das farmácias - causadas pela falta de informações integradas - afetam, além dos distribuidores, os laboratórios, gerando um efeito em cadeia que prejudica todo o setor farmacêutico.
Remédios em falta
O principal desafio da indústria farmacêutica, sem dúvidas, é a falta de medicamentos nas farmácias, decorrente dos diversos desencontros causados pela falta do compartilhamento de informações entre players do setor.
Mas como solucionar esses problemas?
As boas práticas para superar esses desafios
Confira algumas boas práticas que a indústria farmacêutica pode aplicar em suas operações para ser mais inteligente e eficiente:
Localização estratégica
A primeira solução para a evolução da indústria farmacêutica é fazer com que os distribuidores fixem seus centros de distribuição mais próximos aos laboratórios, o que pode diminuir o tempo de entrega dos medicamentos às farmácias.
Menos distribuidores, mais operadores logísticos
Outra solução é transformar os distribuidores em operadores logísticos responsáveis pela movimentação de medicamentos entre o operador logístico local e as farmácias independentes e redes de farmácias e hospitais, reduzindo estoques desnecessários a fim de diminuir o tempo de entrega de remédios a partir da centralização do sistema de distribuição.
Estoques inteligentes
Com distribuidores próximos aos laboratórios e operações logísticas inteligentes, é possível diminuir o nível dos estoques, considerando laboratórios, distribuidores e farmácias, beneficiando todos esses players e clientes, o que é o mais interessante para o setor e para a sociedade como um todo.
Precificação justa
Ao invés de trabalhar com diferentes preços e porcentagens em cada etapa da cadeia de suprimentos, a melhor solução seria adotar um modelo de consignação que remunera cada player somente quando a compra é concretizada pelo consumidor final.
Dados integrados
A evolução da indústria farmacêutica passa, obrigatoriamente, pelo compartilhamento de informações entre laboratórios, distribuidores e farmácias, para que todos esses agentes possam atuar em conjunto, beneficiando todos os elos da cadeia.
Só assim a indústria farmacêutica poderá oferecer o melhor atendimento aos hospitais públicos e privados e clientes finais, contribuindo para a saúde geral e o desenvolvimento da sociedade como um todo.
Veja também: Como a análise de dados beneficia a tomada de decisão na indústria
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