Skip to main
Tooling Monitoring © Robert Bosch Ltda.

A competitividade por custos entre indústrias farmacêuticas

indústrias farmacêuticas

Na contramão da maioria dos setores no Brasil, a indústria farmacêutica apresenta imponente crescimento nos últimos dois anos. Nem mesmo a instabilidade econômica que o país vivencia tem impedido o impulsionamento desse mercado. As expectativas são altas.

Nos próximos quatro anos, a tendência é de que o Brasil assuma a quinta posição do ranking mundial da indústria farmacêutica, liderado, atualmente, pelos Estados Unidos.

Com esse crescimento, consequentemente, nos deparamos com uma competitividade bastante acirrada entre as indústrias de farma no Brasil, sendo o custo uma das principais razões competitivas entre elas. E é sobre isso que falaremos mais ao longo deste artigo.

O cenário das indústrias farmacêuticas no Brasil

Com mais de 118 mil CNPJs de varejistas no setor farmacêutico e quase 5 mil distribuidores de medicamentos, essa fatia do PIB brasileiro movimentou R$ 66 bilhões entre agosto de 2020 e julho de 2021, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias.

As projeções de desempenho do mercado farmacêutico no Brasil neste e no próximo ano são boas, segundo os dados apresentados no Fórum Expectativas 2023, realizado pelo Sindusfarma. E as empresas do setor preveem que a situação econômica vai melhorar no próximo ano: 57% estão otimistas sobre a recuperação dos empregos e o crescimento da economia no país.

Os cálculos da IQVIA – líder global no uso de informação, tecnologia, análises avançadas e expertise humana para ajudar a impulsionar a área da saúde – indicam um crescimento do mercado farmacêutico geral (varejo e canal institucional) de 12,5% em 2022 e 10,5% em 2023, quando se trata de valores.

No varejo, o crescimento estimado é de 11,8% em 2022 e 9,8% no ano seguinte. Segundo a IQVIA, as compras públicas estão em queda devido ao subfinanciamento do SUS, mas as vendas para clínicas e hospitais privados crescem (5,2% até abril) e podem aumentar 15% em 2023 (veja a apresentação completa no final da notícia).

A pesquisa “Benchmarking de Expectativas da Indústria Farmacêutica 2022–2023”, realizada pelo Sindusfarma, apurou que as empresas do setor estimam um crescimento no varejo (Retail), de 12,86% no ano de 2022 e 12,41%, em 2023, em valores. Já no mercado institucional (Non Retail), as projeções de crescimento são de 10,15% e 9,37%, respectivamente.

Uma nova era de competitividade na indústria farmacêutica

Depois de olhar para o cenário de crescimento da indústria farmacêutica no Brasil, é preciso entender que esse mercado se encontra em uma nova era de competitividade, e isso se deve a alguns fatores:

■ Grande quantidade de ofertas similares e guerra de preços;

■ Fortalecimento e crescimento da venda dos genéricos;

■ Alta do dólar, que compromete a manutenção das margens da cadeia;

■ Concentração dos canais de distribuição e varejo;

■ Aumento da carga tributária;

■ Crescimento de categorias ocupando as prateleiras das farmácias;

■ Dificuldade em explorar adequadamente o ponto de venda.

Em paralelo, o comportamento do consumidor brasileiro mudou nos últimos anos. Cada vez mais, as pessoas estão em busca de conveniência, rapidez e resolutividade, além de estarem mais preocupadas com a saúde e bem-estar, o que não acontecia no passado.

Todos esses pontos vêm impulsionando a cadeia de suprimentos farmacêuticos a desenvolver estratégias de negócios diferenciadas para aumentar a competitividade.

Tooling Monitoring

Tooling Monitoring

A guerra de preços

Como dissemos no início do artigo, a competitividade por preços entre indústrias farmacêuticas é o que promove a guerra de preços.

As pressões de margem sobre as empresas farmacêuticas devem se acentuar, principalmente por fatores que afetam preço e portfólio, demandando a necessidade de se repensarem as estratégias industriais.

Questões como a forte concorrência entre os fabricantes e o aumento do poder dos compradores levam à pressão sobre os preços, em um cenário de redução do número de medicamentos com patente a expirar e no qual os medicamentos similares ameaçam despontar como concorrentes legais dos genéricos.

Medicamentos de referência, similares e genéricos têm estratégias de comercialização distintas. Enquanto para medicamentos de referência e similares o médico é o alvo da propaganda e a escolha se dá pela marca, no caso dos medicamentos genéricos, o foco é o ponto de venda ou de distribuição e a escolha é feita por princípio ativo.

Assim, havendo vários genéricos para uma mesma molécula, todos intercambiáveis, a competição no segmento é naturalmente maior. A fim de garantirem as vendas e avançarem em participação de mercado, os laboratórios passaram a adotar, como principal estratégia, a política agressiva de descontos, sobretudo para a rede de varejo.

No entanto, esse tipo de competição – em alguns casos, predatória – parece estar chegando ao limite. Se, por um lado, a simples manutenção de descontos agressivos parece inviável no longo prazo, por outro, o aumento dos custos de produção, principalmente em matéria-prima e mão de obra, vem pressionando ainda mais a margem de lucro das empresas.

Nesse cenário, buscando maior previsibilidade e estabilidade de margens e rentabilidade anual, empresas líderes de vendas começam a rever suas estratégias comerciais, com formação de parcerias ou redução de descontos, e suas estratégias de portfólio, buscando a diversificação do mix de produtos e a redução da dependência de genéricos.

Mais algumas saídas

Além de usar a diversificação do mix de produtos e a redução da dependência de genéricos, as indústrias farmacêuticas passaram a buscar estratégias inovadoras de marketing e vendas. Afinal, a competitividade é acirrada, o que torna cada vez mais necessário o investimento em inovação e melhoria nos processos de gestão, distribuição farmacêutica, marketing farmacêutico e logística.

A competitividade sempre vai existir, ainda mais envolvendo custos. O que fica de lição é a forma como as indústrias farmacêuticas lidam com o mercado agressivo e como elas seguem evoluindo.

Tooling Monitoring

Tooling Monitoring